A coqueluche está de volta? Saiba tudo sobre essa perigosa doença

A coqueluche está de volta? Saiba tudo sobre essa perigosa doença

A coqueluche, também conhecida como pertussis, é uma doença respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis.
Esta condição afeta principalmente crianças pequenas, mas pode acometer pessoas de todas as idades. Sua transmissão ocorre através de gotículas expulsas pela tosse, espirro ou mesmo fala de uma pessoa infectada. 
E, muito embora sua vacina exista desde a década de 1970, o aumento crescente da doença pelo Brasil e pelo mundo vem preocupando a todos. 
Conforme dados obtidos pelo G1: 

Segundo o Centro Europeu de Controle e Prevenção das Doenças (ECDC, na sigla em inglês), somente nos três primeiros meses de 2024, foram registrados na União Europeia mais de 32 mil casos de coqueluche em pelo menos 17 países, frente aos pouco mais de 25 mil registros do ano passado inteiro.

Já o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China comunicou que foram notificados 32.380 casos e 13 óbitos da doença até fevereiro de 2024 em território chinês.

No Brasil, o Ministério da Saúde registrou neste ano, até 6 de junho, 115 casos da doença. Em 2023, foram 217 na somatória de todo o ano.

Historicamente, a coqueluche era uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil antes da introdução da vacinação em larga escala.

No Brasil, a introdução da vacina combinada DTP (difteria, tétano e pertussis) no Programa Nacional de Imunizações (PNI) na década de 1970, levou a uma drástica redução no número de casos.

Entretanto, nas últimas décadas, muitos países, incluindo o Brasil, estão vendo um ressurgimento da coqueluche, associado a vários fatores como:

  1. Declínio na imunidade: A imunidade conferida pela vacina não dura a vida toda, e sem doses de reforço, a proteção diminui após vários anos.
  2. Variações no vírus: Alterações genéticas na bactéria podem reduzir a eficácia da vacina atual.
  3. Cobertura vacinal incompleta: Em algumas regiões, a falta de vacinação completa leva ao aumento de casos.
  4. Diagnóstico e notificação: Melhorias nos métodos de diagnóstico e maior atenção à vigilância epidemiológica podem resultar em mais casos identificados.

Impacto na saúde pública

O ressurgimento da coqueluche representa um desafio significativo para a saúde pública.

As complicações podem variar desde leves a graves, incluindo pneumonia, convulsões e encefalopatia. Bebês com idade inferior a seis meses são particularmente vulneráveis, e muitas vezes necessitam de hospitalização.

Sintomas: 

A coqueluche caracteriza-se por três estágios clínicos:

  1. Catarral: Semelhante ao resfriado comum, com coriza, febre baixa e tosse leve.
  2. Paroxístico: Tosse intensa e convulsiva, que pode durar várias semanas. A tosse é frequentemente seguida por um som agudo característico quando a pessoa respira fundo.
  3. Convalescença: Tosse diminui gradualmente, mas pode persistir por semanas ou meses.

A compreensão da coqueluche e dos seus desafios atuais é essencial para a implementação de estratégias eficazes de controle e prevenção.

De modo que a coqueluche segue como uma prioridade em saúde pública, demandando constante vigilância e atualização das estratégias de imunização.

 

coqueluche - sintomas

Causas e transmissão da coqueluche

A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis. Esta bactéria afeta o sistema respiratório, especialmente a traqueia e os brônquios.

Essa infecção é altamente contagiosa e pode ser particularmente perigosa para bebês e crianças pequenas.

Mecanismos de transmissão: 

  1. Contato direto: O contato próximo com uma pessoa infectada pode levar à transmissão da bactéria. Isso inclui toques, beijos e compartilhamento de utensílios.
  2. Gotículas respiratórias: A bactéria se propaga através de pequenas gotículas no ar. Quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, libera gotículas que contêm a bactéria. Essas gotículas podem ser inaladas por outras pessoas, levando à infecção.
  3. Ambientes fechados: Locais com ventilação inadequada ou aglomerações facilitam a disseminação da coqueluche. Escolas, creches e transporte público são áreas de risco elevado.

Período de incubação e contagiosidade

  • Período de incubação: Geralmente varia de 7 a 10 dias após a exposição, mas pode ser de até 21 dias. Durante este período, a pessoa pode estar assintomática.
  • Contagiosidade: O período mais contagioso ocorre nas primeiras duas semanas após o início da tosse. No entanto, a pessoa pode continuar a transmitir a bactéria até 3 semanas após o início dos sintomas, se não for tratada com antibióticos.

Populações vulneráveis

  • Bebês e crianças pequenas: São os mais suscetíveis a complicações graves, como pneumonia, convulsões e encefalopatia.
  • Pessoas não vacinadas: Aqueles que não foram vacinados estão em maior risco de contrair a doença e sofrer complicações.
  • Pessoas imunocomprometidas: Indivíduos com sistemas imunológicos enfraquecidos têm maior risco de formas graves da doença.

Dessa forma, a prevenção da coqueluche é baseada principalmente na vacinação. O esquema vacinal recomendado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil inclui várias doses da vacina contra a coqueluche, administradas na infância e em reforços posteriores.

Além disso, a prática de medidas higiênicas, como lavar as mãos e cobrir a boca ao tossir ou espirrar, pode ajudar a reduzir a transmissão da bactéria.

A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a coqueluche, protegendo não apenas o indivíduo vacinado, mas também reduzindo a circulação da bactéria na comunidade.

Sintomas em recém-nascidos

Em recém-nascidos, a coqueluche pode ser particularmente grave. Diferente dos adultos e crianças mais velhas, os sintomas podem apresentar-se de forma desigual e os principais indicativos são:

  • Apneia (pausas na respiração);
  • Convulsões;
  • Tosse com menor frequência, mas com maior gravidade;
  • Dificuldades na alimentação devido à tosse persistente.

Sintomas em adultos

Em adultos, a coqueluche pode ser confundida com infecções respiratórias comuns. Os sintomas primários incluem:

  • Tosse prolongada (mais de três semanas);
  • Sensação de sufocamento;
  • Dores no peito pela intensidade da tosse.

A identificação precoce dos sintomas é crucial para o tratamento rápido e efetivo da coqueluche, especialmente em populações vulneráveis como recém-nascidos e idosos.

coqueluche - tratameto

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da coqueluche baseia-se inicialmente na avaliação dos sintomas clínicos apresentados pelo paciente. A detecção precoce é essencial para evitar complicações e a propagação da doença.

Os métodos principais de diagnóstico incluem:

  1. Histórico clínico e exame físico:

    • O médico realiza uma anamnese detalhada, investigando a presença de tosse persistente e outros sintomas associados.
    • Observa-se a evolução e a duração da tosse, bem como a característica "tosse paroxística" (tosse súbita e incontrolável).
  2. Testes laboratoriais:

    • Cultura de secreção nasofaringeana: Considerado o padrão-ouro, contudo, pode ser demorado.
    • Reação em cadeia da polimerase (PCR): Utilizada para detecção rápida do DNA da bactéria Bordetella pertussis.
    • Sorologia: Testes de anticorpos específicos para coqueluche podem ser úteis em estágios mais avançados.
  3. Radiografia de Tórax:

    • Em casos complicados ou suspeitos de pneumonia, pode-se indicar uma radiografia para avaliação adicional.

O tratamento da coqueluche deve ser iniciado o mais cedo possível, frequentemente antes da confirmação laboratorial, devido à gravidade potencial da doença. Os principais componentes do tratamento incluem:

  • Antibióticos:

    • Macrolídeos: Eritromicina, claritromicina ou azitromicina são comumente prescritos para erradicar a infecção bacteriana.
    • Alternativas: Para pacientes alérgicos a macrolídeos, pode-se utilizar o trimetoprim-sulfametoxazol.
  • Cuidados de suporte:

    • Hidratação adequada: Crucial para manter o equilíbrio hidroeletrolítico, especialmente em crianças.
    • Oxigenoterapia: Indicada para pacientes com dificuldades respiratórias severas.
    • Nutrição: Assegurar alimentação adequada para evitar desnutrição durante períodos prolongados de doença.
  • Monitoramento e isolamento:

    • Pacientes, especialmente crianças não vacinadas, devem ser monitorados de perto para detectar complicações precoces.
    • Medidas de isolamento podem ser recomendadas para evitar a transmissão da doença para contatos não vacinados.
  • Vacinação pós-exposição:

    • Em surtos, pode-se considerar a vacinação de contatos próximos não imunizados.

Por fim, a educação do paciente e família sobre a importância do seguimento adequado do tratamento e das medidas preventivas é fundamental para o controle da coqueluche.

Cobertura vacinal no Brasil

A cobertura vacinal no Brasil é um assunto de extrema importância para a saúde pública, especialmente no contexto de doenças altamente contagiosas como a coqueluche.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, é o principal responsável pela implementação e monitoramento das campanhas de vacinação em todo o território nacional.

Embora historicamente o Brasil tenha alcançado boas taxas de cobertura vacinal, nos últimos anos, observou-se uma tendência de queda em algumas regiões.

Estatísticas recentes

  • Taxa geral de cobertura: O Brasil tem enfrentado desafios para manter uma alta taxa de cobertura vacinal. Em 2020, a cobertura vacinal de pentavalente, que protege contra coqueluche, difteria, tétano, haemophilus influenzae tipo b e hepatite B, foi de aproximadamente 75%, abaixo da meta de 95%.
  • Declínio regional: Estados como Rio de Janeiro e São Paulo registraram coberturas abaixo do esperado, impactando negativamente o controle da coqueluche.
  • Populações vulneráveis: Crianças menores de 1 ano, que são um grupo prioritário para a vacinação, têm apresentado uma preocupante diminuição nas taxas de imunização.

Fatores contribuintes

  1. Desinformação: Circulação de informações incorretas e movimento antivacinas.
  2. Desafios logísticos: Problemas com o suprimento e distribuição das vacinas, especialmente em regiões remotas.
  3. Pandemia de COVID-19: Redirecionamento de recursos de saúde pública e hesitação dos cidadãos em buscar serviços de saúde devido ao medo de contaminação pelo vírus.

coqueluche - vacinação

Mitos e verdades sobre a vacinação

A vacinação contra coqueluche tem gerado diversas dúvidas e preocupações entre os pais e a população em geral. É crucial esclarecer alguns mitos e apresentar as verdades respaldadas pela ciência e autoridades de saúde.

Mitos comuns

  1. Vacinas causam coqueluche:

    • Não há evidências científicas que vacinas causam coqueluche. As vacinas são formuladas para prevenir a doença, não para causar uma infecção.
  2. Melhor deixar a criança contrair a doença naturalmente:

    • A coqueluche pode ser fatal, especialmente em bebês. A imunidade adquirida natural não compensa os riscos graves que a doença pode causar.
  3. Vacinas contêm toxinas perigosas:

    • As vacinas são rigorosamente testadas para garantir que são seguras e efetivas. Os preservativos utilizados, como o timerosal, são em quantidades seguras para o corpo humano.
  4. A vacina DTPa pode causar autismo:

    • Estudos extensivos mostram que não há ligação entre vacinas e autismo. Este mito surgiu de um estudo já desacreditado e retratado.

Verdades esclarecidas

  1. A vacinação é fundamental para proteger a saúde pública:

    • A imunização em massa impede surtos de doenças, protegendo aqueles que não podem ser vacinados por razões médicas.
  2. Vacinas salvam vidas:

    • A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que as vacinas previnem 2-3 milhões de mortes por ano, prevenindo doenças infecciosas mortais.
  3. Segurança das vacinas:

    • Toda vacina passa por rigorosos testes clínicos e monitoramento constante após ser introduzida no mercado. As agências de saúde monitoram continuamente qualquer evento adverso.
  4. Vacinação infantil e de reforço:

    • A vacinação infantil é crucial, mas imunizações de reforço para adultos e adolescentes também são essenciais para manter a proteção ao longo da vida.

Importância da clareza da informação

  • Fontes confiáveis: É vital buscar informações em fontes confiáveis como o Ministério da Saúde, a OMS e profissionais de saúde qualificados.
  • Consultas com profissionais: Discutir qualquer preocupação com um médico pode ajudar a desmistificar incertezas e garantir a melhor proteção para a família.

 

Concluindo 

A coqueluche, embora muitas vezes vista como uma doença do passado, permanece uma ameaça significativa à saúde pública no Brasil.

Pois, a alta contagiosidade da Bordetella pertussis, bactéria causadora da doença, torna essencial a manutenção e ampliação das campanhas de vacinação.

Os sintomas da coqueluche, especialmente preocupantes em bebês, lactentes e idosos, incluem:

  • Tosse paroxística
  • Vômitos pós-tosse
  • Espasmos respiratórios
  • Febre baixa

Esses sintomas podem levar a complicações severas, como pneumonia, convulsões, e até danos cerebrais.

Portanto, é fundamental permanecermos vigilantes na detecção precoce e administração de tratamentos adequados.

De todo modo, a vacinação continua sendo a principal forma de prevenção contra a coqueluche. No Brasil, o calendário vacinal inclui a vacina tríplice bacteriana (DTPa), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, impedindo surtos e protegendo populações vulneráveis. 

Além disso, é fundamental combater a desinformação e os mitos que cercam a vacinação, de modo que a confiança da população nas vacinas deve ser reforçada por meio de campanhas educativas que esclareçam os benefícios e a segurança das imunizações.

Assim, profissionais de saúde desempenham um papel vital nesse processo, fornecendo informações precisas e suporte às famílias.

Pois, somente através de um esforço coletivo e contínuo, que inclui vigilância epidemiológica, atualização das vacinas e conscientização pública, será possível controlar efetivamente a coqueluche e proteger as futuras gerações dessa doença prevenível. 

Que tal aproveitar e checar a carteirinha de vacinação dos seus pequenos? 

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