4 estratégias eficazes para lidar com a birra infantil

4 estratégias eficazes para lidar com a birra infantil

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A  birra infantil é uma manifestação comum durante o desenvolvimento da criança, frequentemente observada entre crianças de 1 a 4 anos de idade. 

Caracterizada por episódios de choro, gritaria, batida de pés, esse comportamento agressivo ou de recusa em obedecer, muitas vezes ocorre como uma forma da criança expressar frustração ou desejo de atenção.

As birras podem ser desencadeadas por uma variedade de razões, incluindo fome, cansaço, o desafio de lidar com emoções intensas ou a reação frente à negação de seus desejos.

Durante este período, as crianças estão aprendendo a lidar com suas emoções e a entender o mundo ao redor, e as birras, embora desgastantes para os pais,  podem ser consideradas parte desse aprendizado.

Entenda as causas da birra infantil 

Antes de se poder gerenciar a birra infantil de maneira eficaz, é fundamental entender suas causas subjacentes. 

Desse modo, as birras ocorrem típica e naturalmente nas crianças entre um e quatro anos de idade à medida que elas começam a explorar sua autonomia e testar suas capacidades de influenciar o mundo à sua volta. Os fatores que podem desencadear a birra infantil incluem:

  • Frustração: Crianças pequenas frequentemente não têm habilidades de comunicação para expressar o que sentem ou precisam. Quando não conseguem transmitir suas necessidades ou desejos, a frustração pode se acumular e resultar em uma birra.
  • Fadiga e fome: Uma criança cansada ou com fome tem menos tolerância para lidar com contrariedades e é mais suscetível a ter uma explosão emocional.
  • Sobrecarga sensorial: Ambientes barulhentos ou cheios podem ser avassaladores para os sentidos da criança, o que pode desencadear a birra.
  • Necessidade de atenção: Às vezes, as birras são uma forma de solicitar atenção, especialmente se a criança perceber que este comportamento resulta em uma resposta imediata dos pais ou cuidadores.
  • Desejo de independência: Crianças são naturalmente impulsionadas a desenvolver sua independência. Assim, as birras podem ser uma expressão de frustração quando se sentem controladas ou limitadas em suas escolhas.

Reconhecer que a birra infantil é parte normal do desenvolvimento da criança pode ajudar pais e cuidadores a abordar as birras de maneira calma e construtiva, atendendo às necessidades emocionais das crianças enquanto ensinam limites e comportamentos adequados.

A seguir, veja 4 estratégias eficazes para lidar com a birra infantil. 

Estratégia 1 para lidar com a birra infantil: Rotinas previsíveis

Crianças se desenvolvem melhor em um ambiente estruturado, com rotinas claras e previsíveis. Rotinas consistentes proporcionam segurança emocional para a criança, já que ela sabe o que esperar do seu dia. 

Estabelecer rotinas previsíveis pode ajudar na gestão das birras, pois a criança estará ciente das transições que ocorrerão ao longo do dia, reduzindo situações de incerteza que podem desencadear o comportamento desafiador.

  • Crie um horário regular para refeições, sonecas e atividades:  Manter horas consistentes para estas atividades ajuda a regular o relógio biológico da criança.
  • Utilize visuais para ilustrar a rotina do dia:  Quadros ou gráficos com símbolos e imagens auxiliam na compreensão e antecipação dos eventos diários.
  • Comunique as transições com antecedência: Avisar a criança sobre a próxima atividade permite que ela se prepare mentalmente para a mudança.
  • Envolver a criança no estabelecimento da rotina: Permitir que tenham escolhas limitadas dentro da programação diária pode aumentar a cooperação.

Nesse contexto, a flexibilidade também é essencial — as rotinas devem permitir ajustes e adaptações quando necessário, sem perder a estrutura básica. Um equilíbrio sensato entre previsibilidade e flexibilidade ajuda a criança a se adaptar a situações inesperadas e a lidar melhor com as frustrações, minimizando as birras.

Assim também, é importante ter em mente que as rotinas precisam evoluir com o crescimento da criança e suas mudanças de necessidades e capacidades. Ao enfatizar a consistência sem rigidez extremada, pais e cuidadores podem usar as rotinas como uma ferramenta poderosa de prevenção e manejo das birras infantis.

birra infantil

Estratégia 2: Promoção da comunicação e expressão de sentimentos

Muitas vezes, as crianças recorrem às birras como meio de expressar frustrações ou emoções que ainda não conseguem comunicar adequadamente. 

Dessa maneira, ensinar e encorajar a comunicação e a expressão saudável de sentimentos é essencial no gerenciamento dessas situações. Para isso: 

  • Estabeleça um ambiente seguro para a comunicação: Deixe claro para a criança que ela pode falar sobre seus sentimentos e que será ouvida. Isso envolve dar atenção plena quando a criança estiver falando, mantendo contato visual e reduzindo distrações.
  • Nomear emoções: Ajude a criança a identificar e nomear suas emoções. Isso pode ser feito através de livros, jogos ou conversas sobre como diferentes situações fazem com que ela se sinta. Dizer coisas como "Vejo que você está chateado porque seu brinquedo quebrou" valida o sentimento da criança e ensina vocabulário emocional.
  • Incentive a auto expressão: Ofereça alternativas para que a criança possa expressar o que sente de maneira construtiva. Pode-se encorajá-la a desenhar como se sente ou a contar uma história sobre seus sentimentos.
  • Dê o exemplo: As crianças aprendem muito por imitação. Mostre como você lida com suas próprias emoções de forma positiva. Quando você se sente frustrado, verbalize isso de uma maneira que a criança possa entender e aprender.
  • Espaço para o diálogo: Após a birra, discuta o ocorrido com a criança, se ela estiver calma suficiente para tal. Incentive-a a pensar sobre o que a levou a ter essa explosão e o que poderia ser feito de maneira diferente no futuro.

É claro que na hora da birra, pode parecer impossível lidar com a criança pequena desta maneira. Mas acredite, promover a comunicação eficaz e ajudar as crianças a expressarem seus sentimentos em um processo longo e contínuo, é uma das estratégias mais poderosas para minimizar a birra infantil e desenvolver habilidades emocionais importantes para toda a vida.

birra infantil: como lidar

Estratégia 3 para lidar com a birra: Limites claros e consistentes

Estabelecer limites claros e consistentes é fundamental para lidar com as birras das crianças, pois, esses limites transmitem às crianças uma compreensão sólida do que é esperado delas e o que elas podem esperar dos adultos em sua vida. 

Para ser eficaz, essa estratégia deve envolver ações práticas e atitudes assertivas por parte dos pais ou responsáveis.

  • Comunicação clara: Explique as regras e os limites de forma simples e compreensível, adequada à idade da criança. Use linguagem positiva para reforçar o que ela pode fazer, em vez de apenas dizer o que não pode.
  • Consistência: Aplique as regras de maneira consistente. Crianças aprendem por meio da repetição e da previsibilidade. Se um comportamento é inaceitável hoje, deve ser inaceitável sempre.
  • Consequências realistas: Quando as regras são quebradas, aplique consequências que sejam diretamente relacionadas ao descumprimento e proporcionais à gravidade da ação.
  • Reforço positivo: Celebre o cumprimento dos limites e regras. Elogios e recompensas servem como incentivos para que as crianças continuem a agir de maneira adequada.
  • Cumplicidade e acordos: Envolva as crianças na definição de alguns limites, quando possível. Isto aumenta o comprometimento delas em respeitar as regras estabelecidas.

Ao utilizar essa abordagem, você demonstra respeito pelas necessidades e sentimentos da criança, ao mesmo tempo que ensinam valiosas lições sobre a importância da disciplina e de seguir regras sociais. 

Assim, ao encorajar a cooperação em vez da confrontação, podemos transformar situações potencialmente voláteis de birra em oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento.

Estratégia 4: Técnicas de distração e redirecionamento

Durante uma birra, a criança geralmente está tão focada em sua própria frustração que se torna difícil para ela sair desse estado. 

Dessa forma, o uso das técnicas de distração e redirecionamento pode ser extremamente eficaz para dissipar a situação. Aqui estão algumas dicas de como implementar essa estratégia:

  • Identificar os gatilhos: Primeiro, é importante identificar os gatilhos da birra. Desta forma, é possível intervir antes que a situação escale.
  • Oferecer Alternativas: Quando sentir que a criança está ficando frustrada, ofereça alternativas de jogos ou atividades que possam captar seu interesse, mudando o foco de atenção para uma nova direção.
  • Ambiente novo: Às vezes, apenas mudar de ambiente pode ajudar. Se estiver em casa, leve a criança para outro cômodo ou para o jardim, por exemplo.
  • Brinquedos e objetos de apego: Tenha sempre à mão o brinquedo ou objeto de apego preferido da criança. Oferecer esse objeto pode ajudar a acalmá-la rapidamente.
  • Respiração e relaxamento: Ensinando técnicas simples de respiração ou relaxamento, em momentos de calma, você pode depois lembrar a criança de as utilizar quando estiver começando a ficar frustrada.

É importante lembrar que o objetivo é direcionar a atenção da criança para algo positivo, acalmando suas emoções e evitando o desenvolvimento completo da birra.

Assim, ao utilizar estratégias como essas, você ajuda a criar um ambiente de apoio que encoraja as crianças a aprenderem a gerenciar suas emoções de maneira saudável. 

birra infantil: estratégias para lidar

Cuidado com os extremos: Suborno versus Punição

Ao lidar com a birra infantil, frequentemente nos vemos tentando navegar por um campo minado emocional, não é mesmo? 

Nesse sentido, é preciso saber encontrar um equilíbrio saudável entre evitar o suborno e implementar a punição, duas estratégias extremas que podem causar danos a longo prazo na relação entre pais e filhos e na formação do caráter infantil. Assim: 

  • Evite subornos: Oferecer recompensas imediatas em troca de um comportamento desejável pode parecer uma solução rápida, mas essa prática pode se tornar um problema. Entretanto, a criança pode aprender a manipular situações para obter benefícios, comprometendo o entendimento sobre responsabilidade e escolhas éticas. Além disso, pode desenvolver a expectativa de sempre receber algo em troca de comportamentos que deveriam ser naturais, como respeitar os outros ou ouvir os pais.
  • Cautela com punições: Embora a imposição de limites seja essencial na educação infantil, punições severas ou desproporcionais à situação podem gerar sentimentos de medo e ressentimento. A criança pode se tornar mais rebelde ou aprender a esconder comportamentos inadequados para evitar punições, em vez de compreender as razões por trás das regras estabelecidas.
  • Alternativas equilibradas: Para lidar com a  birra infantil de forma eficaz, adote uma abordagem que incentiva o autocontrole e responsabilidade:
    1. Comunicação clara e calma: Explique à criança as consequências naturais de seus atos sem recorrer a subornos ou ameaças.
    2. Reforço positivo: Elogie e recompense comportamentos apropriados de forma moderada, ajudando a criança a entender a importância de boas ações.
    3. Consequências lógicas: Em vez de punições arbitrárias, associe as consequências diretamente ao comportamento inadequado.

Dessa maneira, ao evitar os extremos de subornar ou punir de forma excessiva, temos a chance de ensinar valiosas lições de vida e ajudar os pequenos a desenvolver habilidades essenciais de auto-regulação.

Autocontrole e o exemplo do adulto

Ter autocontrole é vital para qualquer adulto que esteja lidando com as birras de uma criança. Afinal, as  crianças frequentemente espelham as emoções e reações dos adultos ao seu redor, tornando o comportamento do adulto um ponto de referência para a sua própria conduta. 

Assim, se esses adultos reagirem a conflitos com irritação ou perda de controle, é provável que a criança veja essas reações como modelos apropriados para lidar com suas frustrações. 

Em contrapartida, quando o adulto permanece calmo e equilibrado diante de uma birra, a criança aprende, indiretamente, estratégias mais saudáveis de gerenciamento emocional. Desse modo: 

  • Demonstrar paciência e calma durante os episódios de birra ensina pelo exemplo a importância de regular as próprias emoções.
  • Adultos que mantêm o autocontrole, evitam reações impulsivas, o que diminui o reforço negativo e a atenção indesejada sobre o comportamento infantil.
  • Um comportamento adulto consistente e previsível oferece um ambiente de segurança emocional para a criança, facilitando processos de aprendizagem e adaptação.

O exemplo adulto também se reflete nas estratégias disciplinares aplicadas. Estratégias punitivas ou agressivas tendem a agravar as birras, enquanto um comportamento assertivo, mas sereno, tende a suavizar a situação.

  • Criar estratégias de resolução de conflitos e comunicação eficaz é fundamental para que as crianças desenvolvam habilidades semelhantes.
  • É importante que os adultos estejam atentos às suas próprias reações, trabalhando para depurá-las de sinais de estresse e frustração, que são contra produtivas ao lidar com o comportamento das crianças.

Enfim, o autocontrole e o exemplo positivo são ferramentas indispensáveis para que os adultos possam gerenciar birras de forma eficaz, promovendo um desenvolvimento emocional saudável para as crianças.

Birra infantil: Quando buscar apoio profissional? 

Identificar o momento certo para procurar ajuda profissional para gerenciar as birras das crianças é fundamental para promover o bem-estar emocional e o desenvolvimento saudável da criança. Atenção aos seguintes pontos:

  • Frequência e intensidade: Se as birras são excepcionalmente frequentes ou intensas, a ponto de interferir na capacidade da criança de funcionar em ambientes normais, como escola ou em atividades sociais, é hora de considerar ajuda especializada.
  • Duração: Birras que duram muito mais que o típico para a idade da criança podem ser motivo de preocupação. Se a criança leva muito tempo para se acalmar após um incidente, isso pode indicar problemas emocionais subjacentes.
  • Impacto na família: Quando as birras começam a afetar negativamente a vida familiar, causando estresse constante ou conflito entre familiares, pode ser necessário o apoio de um profissional.
  • Agressão física ou autolesão: Se durante as birras a criança tende a se machucar ou machucar outras pessoas, é importante buscar ajuda para garantir a segurança de todos envolvidos.
  • Idade: É esperado que crianças menores tenham birras, mas se elas continuam ocorrendo muito além da idade em que normalmente diminuem (tipicamente antes dos 5 anos), isso pode sinalizar um problema.
  • Nenhum benefício com estratégias anteriores: Se as estratégias que os pais estão utilizando não estão tendo sucesso após um período razoável, a intervenção de um terapeuta infantil pode ser o próximo passo.
  • Outros sintomas: Se a criança exibe outros sinais de distúrbios emocionais ou psicológicos, como mudanças no apetite, sono, ou interações sociais, é crucial consultar um profissional.

Desse modo, ao identificar um ou mais desses sinais, os responsáveis devem buscar o aconselhamento de psicólogos infantis, pediatras ou terapeutas ocupacionais especializados em saúde mental infantil para avaliar e fornecer estratégias de manejo adequadas para as birras.

Concluindo: Lidando com a birra infantil com equilíbrio e consistência 

A educação de crianças é um desafio que exige equilíbrio e consistência e, quando se trata de lidar com a birra infantil é importantíssimo manter uma postura firme, porém flexível, encontrando um meio-termo entre a disciplina estrita e a liberdade excessiva, para que a criança possa aprender a gerir suas emoções e comportamentos de maneira saudável.

De modo que ao promover um ambiente educacional equilibrado e consistente, conseguimos ajudar as crianças a crescerem como indivíduos emocionalmente inteligentes e bem adaptados. 

Especialistas ressaltam que, apesar de desafiadora, a birra infantil é uma oportunidade para ensinar às crianças habilidades essenciais como autorregulação e a expressão saudável de sentimentos. 

Assim como também, é importante reconhecer que cada criança é única e que não existe uma única abordagem correta para gerenciar as birras, mas sim um conjunto de estratégias adaptáveis à individualidade de cada situação e da criança.

Portanto, adotar uma abordagem proativa e compreensiva ajudará a reduzir a frequência e intensidade dos episódios de birra, contribuindo  para a promoção do desenvolvimento saudável da criança! 

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6 comentários

elaine bellini
elaine bellini

Bom dia a todas , estou precisando de algumas orientaçãoes , meus filho tem 6 anos e foi este ano para o 1 ano , e esta com pouco de dificuldade de ficar na sala com determinadas aulas das professoras , ele dis que nao gosta da professora, e fica andandona sala , e nao a obedece, estou conversabdo todos os dias sobre respeito a ela e ao amigos da sala , para ficar na sua mesa , mais aconteceu 2 x , quando vem o recado no cadernos fico extremaente triste. porque em casa na rua ele é otimo menino .se puderem me ajudar bjs a todas

Joana Darc Gonçalves de Lima
Joana Darc Gonçalves de Lima

Pois é, mas como é que você vai dar chineladas em um bebê de um aninho, quando a mesma faz birra? Aí complica né, porque você não vai bancar a doida e bater numa criança de 1 ano. 🙄🙄

Luana Bernardes
Luana Bernardes

Perfeitamente, Josilene! O propósito SunKids é realmente ajudar mães e pais de todo Brasil a cuidar dos seus pequenos com afeto e respeito. Gritos e surras nunca fizeram bem a ninguém, inclusive, com a nossa geração, não é mesmo?

Com carinho,

Luana – Psicopedagoga.

Josilene Monteiro da Silva
Josilene Monteiro da Silva

Precisa de um olhar consciente das famílias a educarem as crianças de formas corretas sem violência. É necessário estarmos atentos a questões de estudos e aprendizados sobre o desenvolvimento das crianças aí sim vamos entender com licompreender como lidar com os pequenos de forma respeitosa.

Luana Bernardes
Luana Bernardes

Nós não pensamos dessa forma, Ana. A chinelada pode parecer que resolve os problemas da birra no momento, mas cria outros comportamentos na criança tão ou mais complexos.

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