Como pais, muitos de nós já nos vimos e vivenciamos muito a situação em que "meu filho só quer colo".
Este cenário, embora comum, pode ser emocionalmente desgastante e fisicamente exaustivo, pois, por trás desse comportamento aparentemente simples, esconde-se um mundo complexo de desenvolvimento emocional, neurológico e social.
Entenda a ciência por trás desse comportamento
O desejo intenso por colo pode ser explicado pela teoria do apego, segundo a qual os bebês são biologicamente programados para buscar proximidade com seus cuidadores como meio de sobrevivência.
Assim, o apego seguro, formado através de interações consistentes e responsivas, serve como base para o desenvolvimento emocional saudável e a exploração do mundo.
Já em termos neurológicos, pesquisas recentes tem reveladoo que o contato físico, como o colo, estimula a liberação de oxitocina, o chamado "hormônio do amor".
Este hormônio não apenas fortalece o vínculo entre pais e filhos, mas também reduz o estresse e promove o crescimento cerebral saudável na criança.
Dessa mesma forma, a fase de "meu filho só quer colo" muitas vezes coincide com marcos importantes do desenvolvimento cognitivo.
Por exemplo, o conceito de permanência do objeto (para bebês, a compreensão de que objetos e pessoas continuam a existir mesmo quando não são vistos ainda não existe, você sabia?) pode levar a uma maior ansiedade de separação e, consequentemente, a um desejo aumentado por proximidade física.
Fases e gatilhos do comportamento "só quero colo"
Se seu filho só quer colo, pode ser que vocês estejam passando por alguma fase ou mesmo gatilhos como os mostrados abaixo.
Períodos de salto no desenvolvimento: Os "saltos mentais" são períodos de rápido desenvolvimento cognitivo que podem deixar os bebês mais irritáveis e apegados. Entender esses períodos pode ajudar os pais a antecipar e responder adequadamente às necessidades aumentadas de conforto.
Ansiedade de separação: Geralmente emergindo por volta dos 8 meses de idade, a ansiedade de separação é uma fase normal do desenvolvimento onde a criança demonstra angústia quando separada dos cuidadores primários. Esta fase pode intensificar significativamente o desejo por colo.
Estresse e mudanças: Mudanças na rotina, como início na creche, chegada de um novo irmão, ou mudança de casa, podem desencadear um comportamento regressivo, incluindo o aumento da necessidade de colo.
Temperamento individual: Algumas crianças são naturalmente mais sensíveis, necessitando de mais contato físico e reasseguramento do que outras. Isso não é um defeito, mas uma característica individual que requer compreensão e adaptação.
Entenda os impactos psicológicos e emocionais do colo
Para a criança, o colo proporciona não apenas conforto físico, mas também segurança emocional.
Desse modo, crianças que recebem respostas consistentes às suas necessidades de proximidade tendem a desenvolver maior autoconfiança e habilidades de autorregulação emocional à medida que crescem.
Enquanto que para os pais, o contato próximo pode fortalecer o vínculo, a demanda constante por colo pode levar à exaustão física e emocional dos pais.
Por isso é tão importante reconhecer e abordar estes sentimentos para manter uma relação saudável com a criança.
Estratégias práticas para lidar quando seu filho só quer colo
Veja algumas estratégias que você pode usar para que a criança peça menos colo.
Técnica do "colo com intenção": Em vez de carregar a criança automaticamente, faça do colo um momento especial de conexão.
Use este tempo para cantar, contar histórias ou simplesmente conversar, tornando-o uma experiência rica e significativa.
Tempo no chão: Dedique períodos regulares para brincar no chão com seu filho. Isso satisfaz a necessidade de proximidade enquanto promove a exploração e o desenvolvimento motor
Espaço seguro: Designe uma área da casa onde seu filho possa brincar livremente, mas ainda manter contato visual com você. Isto promove a independência sem comprometer a sensação de segurança.
Utilize de carregadores como cangurus e mochilas ergonômicas: Para crianças menores, o uso de slings ou carregadores ergonômicos permite manter a proximidade enquanto libera suas mãos para outras tarefas.
Técnica "Eu Voltarei": Quando precisar se afastar, mesmo que por curtos períodos, sempre informe à criança que você voltará. Cumprir essa promessa consistentemente constrói confiança.
Abordando situações específicas
Durante a noite: Se seu filho busca colo frequentemente durante a noite, considere técnicas de sono gradual ou de cama compartilhada, sempre respeitando as recomendações de segurança.
Em público: Prepare-se com distrações (livros, brinquedos pequenos) e tenha um plano para momentos de sobrecarga sensorial.
Durante refeições: Tente envolver a criança na preparação das refeições ou use cadeiras que permitam proximidade à mesa.
Em momentos de doença: Durante doenças, a necessidade de colo pode aumentar significativamente. Priorize o conforto da criança, mas também cuide de sua própria saúde.
Quando devo buscar ajuda profissional?
Se o comportamento de "meu filho só quer colo" estiver:
- Interferindo significativamente na rotina diária
- Causando angústia extrema para a criança ou pais
- Persistindo bem além da idade típica
- Acompanhado de outros sinais de preocupação no desenvolvimento
Nestas situações, é aconselhável consultar um pediatra ou psicólogo infantil para avaliação e orientação personalizada.
Conclusão
A fase em que "meu filho só quer colo" é uma jornada complexa e multifacetada do desenvolvimento infantil.
Embora possa ser desafiadora, é uma oportunidade única para fortalecer o vínculo com seu filho e estabelecer as bases para um desenvolvimento emocional saudável.
Assim como nenhuma criança é igual, suas próprias necessidades e ritmos de desenvolvimento também são. Portanto, o que funciona para uma família pode não ser ideal para outra. A chave está em manter-se sintonizado com as necessidades do seu filho, adaptar suas abordagens conforme necessário e, acima de tudo, ser gentil consigo mesmo neste processo.
Com paciência, compreensão e as estratégias adequadas, é possível navegar por este período de forma positiva, nutrindo não apenas o desenvolvimento do seu filho, mas também seu próprio crescimento como pai ou mãe.
À medida que seu filho ganha confiança para explorar o mundo além do seu colo, ele levará consigo a segurança emocional que você proporcionou - um presente certamente inestimável para toda a vida.
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