Alimentação infantil: Veja como controlar as telas durante as refeições

Alimentação infantil: Veja como controlar as telas durante as refeições

A alimentação infantil é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças, já que é durante as refeições que além de nutrir o corpo, os pequenos assimilam hábitos alimentares e aprendem conceitos sobre o que é uma alimentação balanceada.

No entanto, no cenário atual, a presença de telas tem se tornado uma distração significativa, comprometendo a qualidade desse importante momento.

Cada vez mais demonstram que a atenção dispensada durante as refeições interfere diretamente na percepção da saciedade, no discernimento das preferências alimentares naturais e na qualidade da mastigação.  Quando as crianças estão focadas nas telas, sejam televisões, tablets ou celulares, elas tendem a comer de maneira automática, perdendo o contato com os sinais internos de fome e saciedade. Pois: 

 

  • A atenção plena durante as refeições contribui para a conscientização dos sabores, texturas e odores dos alimentos.
  • A comunicação e interação familiar são fortalecidas quando as refeições são realizadas sem distrações eletrônicas.
  • O comportamento alimentar das crianças tende a ser mais equilibrado sem o estímulo constante das telas, o que reduz a probabilidade de desenvolvimento de transtornos alimentares e obesidade.

 

 Dessa maneira, é fundamental que pais e educadores compreendam a relação entre o uso das telas durante as refeições e as possíveis repercussões no comportamento alimentar infantil.

De modo que o controle das telas durante a alimentação infantil  não só é fundamental para uma educação alimentar eficaz, mas também para o desenvolvimento de relações familiares mais ricas e significativas como veremos a seguir. 

alimentação infantil com celular

O Impacto das telas no desenvolvimento cognitivo das crianças

O uso  intensivo de dispositivos eletrônicos como celulares e tablets por crianças tem sido uma área de intensa pesquisa, e os resultados indicam uma relação complexa e significativa entre tempo de tela e desenvolvimento cognitivo.

Primeiramente, estudos constatam que o conteúdo consumido pode ter tanto efeitos positivos quanto negativos. 

Por exemplo, programas educativos apropriados para a idade podem promover o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades linguísticas. 

Por outro lado, conteúdos inadequados ou uso excessivo de telas têm sido associados a uma variedade de desafios, incluindo:

  • Queda no desempenho acadêmico
  • Déficit de atenção e hiperatividade
  • Prejuízos na habilidade de leitura e compreensão de texto
  • Diminuição na capacidade de memória e foco

Além disso, a interação constante com telas pode influenciar negativamente o desenvolvimento socioemocional, uma vez que o tempo em frente às telas muitas vezes substitui a interação direta com outras pessoas, o que é crucial para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.

Outro aspecto preocupante é a relação entre o uso de telas antes de dormir e a qualidade do sono. 

Pois, a exposição à luz azul emitida pelas telas pode perturbar os ritmos circadianos, resultando em dificuldades para pegar no sono e uma noite de sono menos reparadora, o que afeta diretamente a capacidade cognitiva das crianças.

alimentação infantil e telas

Distúrbios alimentares e a relação com o uso de telas

Distúrbios alimentares, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar, vêm sendo associados ao uso excessivo de telas, e isso encontra especial relevância no contexto das refeições dos mais jovens.

O uso intenso de dispositivos eletrônicos durante as refeições pode afetar negativamente a alimentação infantil. 

  • Com a atenção dividida entre comer e interagir com telas, as crianças tendem a ignorar os sinais de saciedade, levando a uma maior ingestão de alimentos ou, inversamente, à perda de apetite.
  • As telas frequentemente expõem as crianças e  jovens a imagens de corpos inalcançáveis, fomentando insatisfação corporal e potencialmente desencadeando distúrbios alimentares.
  • A publicidade de alimentos não saudáveis é onipresente em plataformas digitais, aumentando o desejo por snacks altamente calóricos e pobres nutricionalmente.
  • Mídias sociais, jogos e vídeos podem servir como gatilhos para comportamentos de compulsão alimentar, especialmente em indivíduos predispostos.

Dessa forma, para uma alimentação infantil mais saudável, é crucial  buscar fornecer suporte que vincule educação alimentar, saúde mental e limites no uso de telas. Isto pode envolver:

  1. Estabelecer horários específicos para as refeições, sem interferência digital
  2. Incentivar a participação ativa das crianças no planejamento e preparo das refeições para promover uma relação saudável com a comida.
  3. Reforçar a importância de exemplos positivos, tanto na família quanto em personagens midiáticos, que exibam hábitos alimentares equilibrados.
  4. Instruir sobre o discernimento crítico das informações e imagens relacionadas à alimentação e corpo nas redes sociais.

Assim, pais e educadores devem estar atentos para identificar sinais de distúrbios alimentares e buscar apoio profissional quando necessário. A orientação adequada pode mitigar os impactos negativos das telas e auxiliar na formação de hábitos alimentares saudáveis.

O uso de telas afeta a alimentação infantil e também a dinâmica familiar 

A presença de dispositivos eletrônicos durante as refeições pode comprometer significativamente a comunicação entre os membros da família, pois, quando crianças e adultos se concentram em smartphones, tablets ou televisões, a interação face a face é reduzida, resultando em conversas superficiais e fragmentadas. 

Além disso, esse comportamento pode levar a hábitos alimentares não saudáveis, pois a falta de atenção ao comer pode resultar em escolhas alimentares desordenadas, como comer em excesso ou optar por alimentos menos nutritivos.

De fato, os impactos vão além do âmbito alimentar, afetando a coesão familiar e o desenvolvimento infantil. 

A conexão emocional tradicionalmente fortalecida durante as refeições familiares é prejudicada, comprometendo a função social desse momento. 

Especialmente para crianças em fase de desenvolvimento linguístico, já que a atenção às telas durante as refeições pode prejudicar a aprendizagem crucial da linguagem, assim como também, a interação limitada com a comida durante as refeições pode afetar a educação alimentar e o desenvolvimento de preferências saudáveis. 

Dessa forma, estabelecer limites claros para o uso de telas durante as refeições é essencial para preservar a qualidade da comunicação familiar e fortalecer os laços emocionais.

criança com celular

Entenda a relação entre telas, mastigação e digestão

A relação entre o uso de telas durante as refeições, mastigação e digestão torna-se um tópico de crescente interesse no que diz respeito à educação alimentar infantil. Investigações científicas sugerem que a atenção desviada para dispositivos eletrônicos pode perturbar o processo alimentar normal das crianças, com implicações não somente para a digestão, mas também para a saúde geral.

Durante as refeições, as crianças devem estar focadas em suas comidas, pois:

  • A mastigação adequada é crucial para a quebra mecânica dos alimentos, facilitando a digestão subsequente no trato gastrointestinal.
  • A presença de distrações visuais e auditivas pode levar a uma mastigação insuficiente, uma vez que o foco do cérebro não está na tarefa de comer.
  • A ingestão rápida de alimentos sem mastigação apropriada pode resultar em problemas digestivos, como indigestão e desconforto gastrointestinal.

O ato de comer sem a devida atenção pode ainda causar:

  • Menor sensibilidade aos sinais de fome e saciedade do corpo, aumentando o risco de superalimentação ou subalimentação.
  • Uma tendência a ignorar a qualidade dos alimentos consumidos, favorecendo escolhas alimentares menos saudáveis.
  • A perda da oportunidade de estabelecer hábitos alimentares saudáveis, que estão ligados a momentos de interações familiares e sociais na mesa de refeição.

Dessa maneira, minimizar o uso de telas durante as refeições, promovendo um ambiente propício a uma alimentação consciente e atenta, é essencial para a saúde digestiva e bem-estar dos pequenos

Telas e a sobrealimentação ou alimentação insuficiente

A relação entre o uso de telas durante as refeições e os hábitos alimentares dos pequenos é objeto de preocupação entre especialistas em nutrição infantil. 

Pois, o  ato de assistir à televisão, usar tablets ou smartphones pode influenciar significativamente tanto a sobrealimentação quanto a alimentação insuficiente por várias razões:

  • Distração: Crianças que consomem mídia enquanto comem tendem a estar menos atentas aos sinais de fome e saciedade do que aquelas que se focam em sua alimentação.
  • Velocidade da Refeição: Estudos sugerem que quando distraídas por dispositivos eletrônicos, as crianças podem comer mais rapidamente, o que pode levar a uma digestão inadequada e falta de reconhecimento da saciedade a tempo de evitar a sobrealimentação.
  • Escolhas Alimentares: A influência da publicidade e propagandas de alimentos não saudáveis acessíveis em diversas plataformas de mídia facilita o desenvolvimento de preferências por alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras.
  • Rotina Alimentar Irregular: O tempo gasto em frente às telas pode substituir as refeições estruturadas e regulares por lanches frequentes e desregulados, resultando em uma dieta desbalanceada.

Para combater esses problemas, recomenda-se estabelecer regras claras sobre o uso de telas durante a alimentação infantil.  

Cuidar para que as crianças estejam envolvidas no processo de preparação dos alimentos e na escolha de opções saudáveis pode aumentar a conscientização e o interesse em hábitos alimentares equilibrados. 

Além disso, as refeições devem ser vistas como uma oportunidade para interação familiar e conexão, livres das distrações digitais. 

Assim como também, promover ambientes alimentares atentos contribui positivamente para o desenvolvimento de um relacionamento saudável com a comida e para a prevenção de problemas como a obesidade infantil e distúrbios alimentares.

Estratégias práticas para reduzir o uso de telas durante alimentação infantil 

Criar um ambiente adequado para a alimentação infantil, sem a presença de distrações digitais é fundamental para a sua educação alimentar. Aqui estão algumas estratégias práticas que podem ser adotadas:

  • Estabelecer Regras Claras: Defina regras sobre o uso de telas que sejam fáceis de entender e seguir, como "não há telefones ou tablets na mesa de jantar". Comunique essas regras de forma consistente e assegure-se de que todos na família as sigam.
  • Criar um Espaço Propício: Organize a área de refeição de forma aconchegante e sem televisões por perto. A decoração pode incluir elementos que estimulem conversas, como flores ou um quadro de fotos.
  • Ser o Exemplo: Os adultos devem dar o exemplo e também evitar o uso de dispositivos eletrônicos durante as refeições. O comportamento dos pais tem um forte impacto sobre as crianças.
  • Incentivar Conversas em Família: Faça das refeições um momento de partilha e diálogo. Questione as crianças sobre o seu dia e compartilhe histórias, incentivando-as a se expressarem sem distrações externas.
  • Limitar Uso de Telas no Dia a Dia: Também é importante delimitar horários adequados para o uso de telas fora das refeições, criando rotinas saudáveis de interação com a tecnologia.
  • Preparar as Refeições Juntos: Envolva as crianças na preparação das refeições. Isso gera interesse pelo que está no prato e ajuda a distrair da vontade de usar aparelhos eletrônicos. 
  • Busque Ajuda de Profissionais: Nutricionistas infantis estão aptos a traçar estratégias próprias para cada caso em específico. Considerando as nuances particulares de cada criança e seu ambiente familiar únicos. 

Confira a seguir o que Fonoaudióloga Juliana Trentini diz a respeito:

Adotando essas estratégias, é possível construir um ambiente familiar onde a alimentação saudável e a comunicação entre os membros da família sejam valorizadas acima do entretenimento digital.

Concluindo o assunto

Ao longo deste artigo, exploramos as implicações do uso excessivo de dispositivos digitais durante as refeições e a importância de cultivar hábitos de educação alimentar saudáveis na infância. 

É crucial reconhecer que os momentos à mesa oferecem mais do que apenas alimentação; pois, muito mais do que isso, são oportunidades para fortalecimento dos laços afetivos e desenvolvimento de competências sociais e comunicativas entre membros da família, sobretudo, da própria criança. 

A imposição de limites ao uso de telas durante as refeições deve ser compreendida como uma componente essencial na educação alimentar e no bem-estar das crianças:

  • Promove a conscientização e o apreço pelos alimentos consumidos, potencializando uma relação saudável com a comida.
  • Incentiva o diálogo e a troca de experiências, enriquecendo o desenvolvimento emocional e cognitivo.
  • Ajuda a estabelecer rotinas estruturadas e disciplinadas, contribuindo para a organização da vida cotidiana da criança.

Desse modo, a interação familiar sem a interrupção de dispositivos eletrônicos torna as refeições momentos privilegiados para observar e orientar comportamentos, além de serem uma ocasião para educar pelo exemplo ao demonstrar práticas alimentares balanceadas.

Portanto, é imprescindível que as famílias se mobilizem para rever e adaptar seus hábitos, visando o desenvolvimento integral das crianças e a promoção de um futuro mais saudável. 

E é assim que a educação alimentar transcende a mera ingestão de nutrientes da alimentação infantil e se entrelaça com a qualidade das relações familiares e com a habilidade da criança de navegar pelo mundo social de maneira muito consciente, organizada  e equilibrada! 

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